Ser
burro é um privilégio. Não se assuste, porque é isso mesmo: ser burro é um
enorme privilégio. Pelo menos é isso que determinado blogueiro defende em um vídeo no seu canal do Youtube. Segundo o mesmo, ser burro é um
dom, uma dádiva. Seu argumento
principal para tal afirmação consiste no seguinte: quanto menos se sabe sobre
as coisas, ou seja, quanto mais elevado for o grau de ignorância de uma pessoa,
menos chance ela tem de se aborrecer com a falta de conhecimento dos outros.
Menos chance dela se tornar uma pessoa rabugenta e irada pela
ignorância alheia. Segundo ele, a burrice é a fórmula da
alegria.
Eu
até não queria, mas em certo sentido tenho que admitir que existe uma coerência
nisso. Admito, não porque ele disse, mas porque muito antes dele sequer pensar
nisso, "o Pregador", com uma sabedoria que excede (e muito) a dele, já havia
dito: “... na muita sabedoria há muito
enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta a dor” [Ec 1.18]. Esse é o
lado ruim de buscar conhecimento: as coisas já não passam tão despercebidas
como antes. No início, fica-se crítico, ranzinza. Com o passar do tempo, isso piora bastante.
Daí
eu digo: dói olhar para postura do brasileiro frente à política. E como dói. O pior dessa postura nem é a ignorância em si, mas o apego a ela.
O amor que alguns, de caso pensado, cativam pela mesma. E isso irrita profundamente. Agora,
seria injusto de minha parte não considerar que outros, contra todas as
possibilidades, buscam corretamente se instruir. Mas creio eu que estamos
falando de uma minoria, infelizmente. E
é por isso que o político brasileiro faz e diz o que quer. Não dá em nada
mesmo. Eles devem pensar que o povo brasileiro é ignorante. Baita injustiça, não? Não. É isso mesmo.

Dá
até tremedeira ouvir algo desse tipo. E não é pelo Palmeiras estar avistando a segunda divisão. Parafraseando o Rev. Fabiano Oliveira de
Almeida, “só existe uma coisa pior do que o cinismo e a falta de ética do Lula:
é saber que no fundo ele pode ter razão”. Até que me provem o contrário (e como
eu espero por isso), acredito que ele acertou. A tremedeira é por isso: saber
que o brasileiro, de um modo geral, prefere seu time de futebol à política.
Prefere qualquer outra coisa à pesquisar e cobrar o político que ele mesmo
votou nas eleições passadas. Prefere ouvir esse tipo de ofensa a sua inteligência à mostrar nas urnas para o Sr. Lula quem realmente é o ignorante dessa história. Prefere rir do Palmeiras enquanto o único com uma inteligência de segunda é ele mesmo.
Dizem
por aí que existe outra fórmula para a felicidade. Além da falta de conhecimento, como já vimos, se esquecer rápido das coisas também deixa a vida mais feliz. Menos aborrecimentos para se carregar. Então, baseando-me na sabedoria popular, declaro as razões de o povo brasileiro ser tão alegre: ignorância e a
memória curta. A pergunta que fica é: melhor não seria sermos tristes, então?
Eron Franciulli Coutinho Júnior